Ano Letivo 2014 / 2015

sábado, 28 de agosto de 2010

Só para Pais!


1. "Proibido insultar o jardim-de-infância chamando-lhe "escolinha" (ou "infantário"). Em primeiro lugar, porque é uma escola. Em segundo, porque todas as escolas ganhavam se ligassem Brincar com Aprender.

2. Proibido que os pais imaginem que o jardim-de-infância serve para aprender a ler e contar. Ele é útil para aprender a descobrir os sentimentos. Para aprender a imaginar e a fantasiar. Para aprender com o corpo, com a música e com a pintura. E para brincar. Uma criança que não brinque deve preocupar mais os pais do que se ela fizer uma ou outra birra, pela manhã ao chegar.

3. O jardim-de-infância assusta as crianças sempre que os pais - como quem sossega nelas os medos deles por mais um dia de jardim-de-infância - lhes repetem: "Hoje vai correr tudo bem!"

4. Os pais estão proibidos de despedir-se muitas vezes das crianças, ao chegarem todos os dias. E é bom que se decidam: ou ficam contentes por elas correrem para os amigos ou ficam contentes por elas se agarrarem ao pescoço deles, com se estivessem prestes a ser abandonadas para sempre.
5. Proibido que as crianças vão dia-sim dia-não ao jardim-de-infância. E que vão, simplesmente, quando os seus caprichos infantis vão de férias. E que não vão " só porque sim". O jardim-de-infância não é um trabalho para os mais pequenos. É uma bela oportunidade para os pais não se esquecerem que se pode amar o conhecimento, namorar com a vida, nunca ser feliz sozinho e brincar, ao mesmo tempo.

6. No jardim-de-infância não é obrigatório comer até à última colher; nem dormir todos os dias. E não é nada mau que uma criança se baralhe e chame mãe à educadora (ou vice-versa).

7. Os pais estão obrigados a estar a horas quando se trata duma criança regressar a casa. Prometer e faltar devia dar direito a que os pais fossem sujeitos classificados como tendo necessidades educativas especiais.

8. Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim-de-infância. Mas estão autorizados a ficar preocupados se as crianças forem ficando mais resmungonas, mais tristonhas ou, até, mais aflitas, sempre que regressam de lá. E estão, ainda, autorizados a proibir que o jardim-de-infância só se abra para eles durante as festas.

9. O jardim-de-infância é uma escola de pais. E um lugar onde os educadores são educados pelas crianças. Um lugar onde todos se educam uns aos outros não é uma escola como as outras. É um jardim-de-infância.

10. Um dia, num mundo mais amigo das crianças, todas as escolas serão jardins-de-infância!"

Por Eduardo Sá, psicólogo clínico, psicanalista e professor de psicologia clínica.

7 comentários:

Anónimo

CARTA ABERTA À DIRECÇÃO DA ESCOLINHA O TREVO

Acho o texto muito real e incisivo… Faz pensar no que realmente nós desejamos para os nossos filhos e para nós enquanto educadores.
É por isso que me despertou à atenção o ponto 8, e passo a citar:
“8. Os pais não podem exigir aos filhos relatórios de cada dia de jardim-de-infância. Mas estão autorizados a ficar preocupados se as crianças forem ficando mais resmungonas, mais tristonhas ou, até, mais aflitas, sempre que regressam de lá. E estão, ainda, autorizados a proibir que o jardim-de-infância só se abra para eles durante as festas.”.

Pois é, fiquei surpreendidíssima quando no primeiro dia de infantário das minhas filhas, me informaram que a partir daquele dia, e segundo o novo Regulamento Interno, Capítulo III, ponto 1, alínea e),“Não é permitida a circulação/permanência dos pais/familiares n’ A Escolinha O Trevo depois do horário estipulado para a recepção.”

Eu questiono-me:
Onde está a interligação entre pais e instituição escolar?
Não será demasiadamente radical uma proibição?
Proibir o acesso não será esconder?
A proibição não leva à desconfiança?
Fará sentido um pai não poder levar o seu próprio filho à sala de actividades, mesmo que chegue depois da hora da recepção? Bem sei que as actividades não devem ser interrompidas, mas não bastaria uma conversa com os pais por parte da Educadora?

Certa de que este desabafo será, pelo menos, objecto de apreciação, agradeço tudo o que a instituição tem feito pela educação das minhas filhas e devo frisar que sempre considerei o serviço prestado de excelência e faço questão de o expressar diariamente a quem de perto mima as minhas filhas.
Atenciosamente,

Clara Castanheira

Anónimo

À semelhança da mãe Clara, aproveito este espaço para fazer alguns comentários que vêm a propósito deste "post só para pais":

Efectivamente também eu estranhei o facto de os pais não puderem levar as crianças até às respectivas salas, o que mais tarde se veio a não confirmar, no que respeita à sala do berçário.
Penso que vedar o acesso às salas não é muito positivo, pois é importante o envolvimento dos pais nas actividades que as crianças vão desenvolvendo. No entanto, compreendo o problema que pode ser a constante interrupção nos trabalhos, apenas porque os horários de recepção das crianças não são respeitados.

Contudo, há um outro assunto que me parece relevante, mais do que propriamente a questão de vedar o acesso às salas: a forma como é feita a entrada/saída da escola.
Será que as pessoas não reparam no aviso colocado na porta de entrada "Para segurança dos vossos filhos é favor de fechar sempre a porta" (algo assim do género)?
Já me aconteceu inúmeras vezes chegar de manhã ou à tarde e ter a porta aberta, quase de par em par, e entrar sem ter de dar satisfações a ninguém.

Se calhar pode ser apenas excesso de zelo meu, mas será que as notícias que vamos vendo nos telejornais não assustam ninguém? E se alguém toca a campainha e diz que é pai/mãe de "A", entra na escola e ameaça os nossos filhos, as auxiliares, as educadoras ou até algum idoso?

Não quero com isto dizer que tenhamos de fazer da Escolinha o Trevo uma fortaleza, mas é apenas um desabafo. Afinal, estamos numa aldeia onde supostamente é somos todos conhecidos. Mas será mesmo assim?

Enfim, preocupações de mãe. Concerteza que todos os pais têm as suas, mas acho que este espaço pode ser aproveitado para expôr isso mesmo. Afinal, "quem não pede, não houve Deus".

Continuem com o bom trabalho!

Atenciosamente,

Joana Ruivo

kris

"1. "Proibido insultar o jardim-de-infância chamando-lhe "escolinha" (ou "infantário"). "

:) bem... aqui no nosso caso acho que não há problema de chamar "escolinha" ao jardim de infância. Afinal, o nome "A Escolinha o Trevo", ou a Escolinha, é como carinhosamente designamos este jardim-de-infância de que tanto nos orgulhamos. Ok?

Quanto ao comentário da Clara (que saúdo por muito animar este espaço com os seus oportunos comentários), julgo que faz sentido, mas devemos entender essa proibição como uma regra geral e orientadora, que não será de forma alguma "inquebrável". Aliás, essa regra ou parecida julgo que já virá de anos anteriores. A sua ausência poderia levar alguns pais a trazer os meninos à escola por norma "fora de horas", o que seria prejudicial à rotina da própria turma. Também sei por experiência que circular nos corredores com actividades a decorrer, provoca grande instabilidade e desatenção nas turmas (lembro-me da ultima vez, uma menina a sair a correr atrás de mim a perguntar o que vinha ali fazer :) ).

Resumindo: julgo que a participação dos pais nas actividades tem sido aceite e mesmo encorajada em algumas circunstancias pelas Educadoras (é pena às vezes eu não poder participar mais); E não deve haver problema se um dia ou outro levar a criança depois do horário... no entanto se esse atraso se tornar a regra, parece-me normal que haja uma chamada de atenção, pois não seria positivo todos os dias haver interrupção da actividade por não se respeitar os tais horários.

PS: O problema referido pela Joana é antigo, e nasceu com a nova Escolinha. Cabe a nós pais certificarmo-nos que a porta fica fechada (e ás vezes aquela geringonça custa mesmo a fechar). Mas outra solução seria bem vinda (se calhar até bastava uma mola que fizesse a porta fechar-se sempre, mas nem sei se seria tecnicamente viável).

Fiquem bem!

Anónimo

Embora sem certezas de que a interpretação que fiz ao novo regulamento seja a correcta, gostaria de dizer que partilho integralmente da opinião do Kris. Não apenas em relação ao horário de chegada das crianças à Escolinha e ao seu acompanhamento até às salas, como também em relação à porta de entrada. É que a porta custa mesmo a fechar!!!!

Votos de um bom ano lectivo!

Maria João Carvalho

Anónimo

Que bom saber que criámos um espaço de debate saudável e que os pais começam a visitar-nos on line.
Queria deixar a nota de que os pais são muitas vezes convidados a participar nas actividades da Escolinha O Trevo e que a nossa "escolinha" (eu pessoalmente gosto mais do que jardim de infância), sempre procurou fomentar a intergeracionalidade.

No entanto, por questões de segurança, de estabilidade e de qualidade de ensino (queremos ser uma escola, mesmo que "inha"),as regras são necessárias para ajudar os técnicos a desempenhar melhor as suas funções e facilitar a sua interiorização também por parte das crianças.

Todos sabemos que é difícil para algumas crianças lidar com a angustia de separação, e evitar que os pais, de uns e de outros, permaneçam nas salas, nos corredores, e prolonguem a separação, ajuda os seus próprios filhos e os dos outros, e não interfere com a dinâmica pedagógica.

Não temos nada a esconder, não queremos fomentar a desconfiança, e acreditamos que os pais que nos escolheram para ajudar a educar os seus filhos sabem que tentamos adequar as orientações técnicas, normativas e pedagógicas da melhor forma possível.

Quanto à porta principal (que custa a fechar, mas que alguns nem tentam), e à decisão de não abrirmos a porta apenas com a campainha do intercomunicador, mas deslocarmos uma funcionária à mesma para receber a criança, após o horário de recepção, cremos que nos/vos assegura alguma segurança...

Mesmo que pareça que a escola fica mais fechada, vedada e inacessível aos pais, não fica.
Apenas fica mais condicionada, controlada e não entra qualquer um a qualquer hora.
Nem permanecem manhãs e tardes nos corredores e salas como alguns pais se permitiam em anos anteriores...

Apesar de sermos uma grande família, numa aldeia rural, a segurança, a estabilidade e a tranquilidade das nossas crianças e dos nossos técnicos de educação é primordial para nós.
E reiterando o Kris, respondendo à Clara, óbvio, não há regra sem excepção...

A Directora Técnica
Carla Henriques

Anónimo

Eu não tenho nada contra a Escolinha O Trevo. Eu penso é que o regulamento está incorrectamente redigido. Passo a explicar: Se a alínea b) do mesmo ponto tem a ressalva dos casos excepcionais, porque é que a alínea e), também não tem? Até porque na prática não é isso que acontece…Nós pais podemos circular/permanecer n’ A Escolinha. Claro que deve ser nos horários adequados ou com consentimento das educadoras…Claro que sim!!!
Para mim o problema não está no normal funcionamento d’ A Escolinha e na sua gestão diária, que até, quanto a mim, está bem acima da média, mas sim num documento que representa a autoridade máxima da Instituição e que talvez seja redigido por alguém que não sabe exactamente o que é um Infantário.
Se eu, enquanto utente da instituição não chamo à atenção sobre aquilo que eu acho incorrecto, e vou sendo permissiva, no limite e qualquer dia, poderemos vir a ter um documento totalmente desadequado e inflexível…Não gostaria que isso acontecesse.
Já percebi que por parte da Instituição há flexibilidade e até desejo que as nossas crianças tenham o saudável acompanhamento dos pais…Gostava é que o Regulamento reflectisse isso e no meu entender não reflecte.
Colocando uma pedra no assunto, e porque já tive as afirmações que pretendia ter e também de quem gostaria de ter...Eu estou satisfeitíssima por ter gerado esta onda de conversação no Blogue… Finalmente!!!
POSSO DEIXAR UM APELO?!?!
Que tal este ano, nós pais, fazermos qualquer coisa para as nossas crianças no Natal?
Senhoras educadoras… Deixam?!?!
Espero que este assunto também pegue!
Clara Castanheira

Anónimo

olhem eu acho que é assim, se qem manda lá na instituição tem o regulamento redigido incorrectamente ou não, eu nã sei nem me rala muito. mas sei em que condições funcionava este jardim de infância á 2 ou 3 anos atrás e sei como funciona agora, a nível de instalações , mas tb noutros aspectos, como o pessoal, os brinquedos e materiais didaticos, e até os mobiliários que o meu filho usava. Isto estava na cave, semi-subterrânea do lar, onde para se ver o sol tinhamos de se vir à rua. Eram mínimas as condições de funcionamento. Hoije, tem de certeza as melhores instalações da região, ao nivel das milhores do país. Por isso quando li aqui que a darem a entender que os responsáveis da instituiçao não sabem que é um infantário, desculpem lá mas não pude deixar de vir aqui mostrar a minha indignação. Sem duvida que sabem , e a prova disso está á vista de todos não só em papel mas em obra. Ou não fosse esta Instituição uma das poucas coisas boas que aqui a aldeia tem e de que se pode orgulhar. Pronto, desculpem lá, mas as pessoas às vezes não sabem dar o valor ao que têm, desculpem dizer isto.

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