Ano Letivo 2014 / 2015

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A importância da sesta


Uma noite de sono tranquila, em que as crianças dormem as horas de que necessitam para estar no seu melhor, é de tamanha importância que só quando não acontece é que os pais se apercebem do impacto que o sono tem nos filhos.
É o facto de dormirmos que nos permite estar bem acordados. Assim, é fundamental que a criança beneficie, por rotina, de um sono que lhe garanta um saudável desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e comportamental.
Uma criança "bem dormida" é uma criança bem disposta, sociável, mais tolerante e cooperante, com maior capacidade de atenção, maior predisposição para a aprendizagem e mais orgulhosa das suas aquisições. Além do mais, não podemos esquecer que é apenas durante o sono nocturno que se produz a hormona do crescimento, essencial para bebés, crianças e adolescentes.
Posto isto, o que se passa no sono saudável? Há uma sucessão de 4 a 6 ciclos de sono, cada um com a duração de 90 a 120 minutos e que inclui 3 ou 4 fases de sono lento (de ligeiro a profundo, o chamado sono NREM), seguidas de um período de sono REM ou paradoxal, após o qual acontece um microdespertar (antes do ciclo seguinte).
Mas nem só de sono nocturno vivem as crianças. A sesta (sono diurno) é uma necessidade biológica desde o nascimento. Um recém-nascido tem um ritmo biológico com uma duração de 4 horas, que se repartem, ciclicamente, em períodos de alimentação, sono e vigília, momento em que interagem um pouco com os pais. Os períodos de vigília vão sendo progressivamente maiores, à medida que o ritmo biológico se aproxima do dos adultos e o sono vai tendendo a ser predominantemente nocturno (muitas vezes os pais podem dar uma ajudinha a esta evolução, criando condições de sesta diferentes das do sono nocturno: manter alguma luminosidade no quarto e evitar o silêncio absoluto, por exemplo).
Qual a importância da sesta? Sabe-se que a da manhã, em que prevalece o sono REM, está associada ao crescimento e maturação cerebral, ao passo que a sesta da tarde (com predominância do sono NREM), promove o restabelecimento físico e psicológico. Contudo, as necessidades de sesta e de sono nocturno não são iguais ao longo de toda a infância e mesmo na adolescência.
Se a perturbação do sono continuar pela adolescência e vida adulta, pode tornar-se crónica e ter um impacto significativo no desempenho cognitivo, estrutura emocional e relações sócio-afectivas.
Os pais devem estar atentos ao que acontece antes de deitar, no início e durante a noite. Ao fim da tarde, encontramos crianças (e adolescentes) a fazer coisas tão diversas como desportos intensos, trabalhos de casa tão exigentes que se prolongam pela noite dentro, a apostar em programas televisivos ou jogos de consola violentos ou até a fazer refeições copiosas, acompanhadas por bebidas com cafeína.
Todos estes factores traduzem uma higiene do sono pouco compatível com o estado de acalmia indispensável para um adormecer tranquilo. Paralelamente, muitas vezes as crianças começam a desenvolver uma insónia comportamental relacionada com a resistência a ir para a cama e com a dificuldade em adormecer (e dormir) sozinhas, sendo esta uma das perturbações do sono mais comuns nestas idades.
Naturalmente, se a criança não dorme o suficiente noite após noite, vai precipitar uma privação de sono que pode aumentar a ocorrência de determinadas parassónias (fenómenos nocturnos indesejados), como terrores nocturnos ou episódios de sonambulismo, vulgares nas primeiras horas do sono. Há ainda outros fenómenos nocturnos que podem ser condicionados pelo mal-estar diurno da criança: os pesadelos.
Publicado por Mafalda Leitão, especialista em perturbações do sono, em http://www.lux.iol.pt

1 comentários:

Paulo Pires

Que bom seria...se puesse dormir as horas sugeridas para uma criança de 2 anos :)

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